quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Expectativa

Já faz um tempo que venho pensando em escrever sobre um daqueles assuntos famigerados. Daí que escolhi a expectativa. Acredite todos nós, voluntária ou involuntariamente a temos. Doar-se demais e esperar receber na mesma dosagem de suas boas intenções. O defeitinho de depositar no outro a confiança de que ele iria devolver-lhe a porcentagem de dedicação que você lhe deu. E aí é que o cálculo acaba saindo errado. Porque quando entregamos 100% a alguém, corre o risco de que ele só lhe devolva 80% ou menos e fica faltando um pedaço da gente, sabe? Difícil é almejar que cada pedacinho do seu zelo seja correspondido na mesma intensidade. Esperar é complicado. Doar-se por completo é perigoso. Vai ver alguém não concorde, mas eu descobri por mim mesma que isso aí não faz bem. Porque por mais incrível e passível de todos os seus melhores sentimentos que seja a pessoa, entregar-se por completo não vale a pena, é decepcionante para ambos. Pra você que fica faltando uma porção porque não se sabe se ele voltará a completa-la na medida em que você esperava e a ele/ela que talvez não tenha para dar, tudo o que você deseja.

O perigo da maior parte das relações? A espera. Esperar que ele (a) seja mesmo tudo aquilo que você idealizou, esperar que ele (a) satisfaça as suas vontades na mesma proporção que você tenta satisfazer as dele (a), esperar que se declare tanto quanto você o faz, esperar que ele (a) seja tudo o que você esperou. Parece um bocado de pressão para uma só pessoa não é mesmo? É como exigir de um modo que sufoque e o pior, aos dois! À filha que você sonhou toda a vida que fosse bailarina e comprou sapatilhas e tutu cor de rosa e que ao crescer ela preferiu jogar futebol... Não parece demais esperar que ela realize seus sonhos? Ao namorado que trouxe uma pizza, uma coca e uma caixa de bombons para vocês comemorarem o aniversário de namoro quando você preferia um jantar, um vinho e luz de velas... Não parece demais esperar que ele adivinhasse? À amiga que mandou uma mensagem carinhosa em consideração ao seu estado de lamúrias (tipo uma tpm tensa) e que você ficou brava porque preferia que ela fosse até sua casa enxugar suas lágrimas... Não parece demais esperar que ela esteja 24h disponível a você? Sim, parece, demais, demais e demais! Não dá para investir no outro a esperança de que realize todos os seus desejos e que isso saia do jeitinho que você imaginou. Se você gosta tanto de balé e não pôde realizar esse sonho, paciência! Compareça a algumas partidas da sua filha e quem sabe ela também não te acompanha em uma apresentação de Lago dos cisnes. Se esperava jantar fora em comemoração à data especial porque não o convidou você mesma? Se tá precisando de um colo da sua amiga porque não liga e pergunta se ela pode recebê-la em sua casa e ouvir um pouco do seu choro? Olhando assim parece de fácil resolução. Mas ao invés disso a gente arruma empecilhos, coloca o orgulho no meio, dá cambalhotas no ar, se desdobra para fazer mil e uma coisas ao outro, inventa milhares de entrelinhas para que eles leiam e no fim das contas, você mesma podia ter resolvido essa confusão toda. Por isso, pare de arquitetar planos cabulosos para que o outro alguém descubra suas reais motivações, pare de fantasiar qualidades que vai ver ele (a) não tem para oferecer e aceite de braços abertos os esforços do outro e principalmente, PARE DE IDEALIZAR. Não abra mão de si mesma em prol de ninguém. Se quiser faça, peça, diga e deixem os verbos em forma de ação, por favor.

Nem sempre o outro alguém vai dizer o que você espera ouvir, nem sempre vai entender o que você quis dizer, nem sempre estarão em sintonia quanto às vontades (sejam as do corpo ou as da alma), não é porque você abriu mão de sair no sábado à noite com as amigas que ele vá abrir mão do futebol de quarta feita por você e não é porque você levou chocolate e sorvete para a sua amiga momentaneamente sofrida que ela vá fazer o mesmo quando você precisar chorar as pitangas. Portanto, não espere. Entregar sua felicidade, sorrisos ou qualquer outro tipo de satisfação na mão de alguém é um erro. Fique-a para você, aproveite-a por inteiro e vez ou outra, quando houver merecimento, empresta-a a outro alguém. No fim disso tudo todos saem no lucro.

2 comentários:

  1. Essa menina sabe das coisas, meu grande erro é me doar por inteiro em tudo o que faço.Será que é erro mesmo??e eu já me preparo para não receber nada em torca por causa da tão temida DECEPÇÃO.
    Quantas decepções já tive nesses meus 41 anos? Muitas! é vivendo e aprendendo a viver mesmo que seja por alguém que você acompanhou o crescimento externo e interno. É por isso que sou sua fã.
    bjs
    Waleska

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    1. Não acho que seja erro desde que essa doação não te subtraia e sim some. Acho importante dedicar-se à alguém ou a algo desde que tenhamos consciência de que nem sempre receberemos essa atenção de volta. Não duvido que tenham surgido decepções na sua vida tia, afinal de contas, sou testemunha da sua escolha de torná-las oportunidades do seu próprio crescimento pessoal sendo a mulher incrível e forte que é hoje. Te amo e também sou sua fã, você sabe né? Bjss

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