Feliz ano novo!

Ao ano de 2010 dedico minha gratidão. Ele me acolheu, me ensinou valiosas lições, me presenteou com o amadurecimento, revelou-me erros que antes eu sequer enxergava que estava cometendo, aproximou-me dos meus verdadeiros amigos, disponibilizou-me um tempo extra com a família, e agora, nesse momento tão próximo a sua partida, entre lágrimas e o estreitar de meu coração, lembrou-me que ainda que com a velhice eu venha a me esquecer de alguns detalhes, ainda restará no coração as recordações dos bons momentos que juntos vivenciamos.

Ainda que eu reclamasse e pedisse para que ficasse mais um pouco, ainda que lhe explicasse que sou apegada a ponto de não suportar a saudade, ele sequer oscilou. Disse-me que não há porque prolongar despedidas e que após tantas vivências, emoções, decepções e surpresas, precisava sossegar. Pediu-me que não questionasse, pois se fazia necessário sua partida. Disse-me ainda que sua missão por essas bandas havia terminado e outros aguardavam para nos surpreender. Confessou que assim como nós humanos precisamos de novas aventuras e uma dose anual de esperança, ele precisava se aposentar, pois seu substituto estava ansioso para assumir as rédeas e em todo seu vigor, não deixaria a desejar.

Como um velho conhecido a quem tive grande afeição não pude evitar um abraço apertado, e um pouco constrangida pelos ares de despedida perguntei se esse seria um adeus. Percebendo minha voz embargada, ele me deu um sorriso grandioso e com jeito divertido perguntou-me se seria necessário se tornar clichê para que eu me lembre de que tudo que é bom dura o tempo necessário para se tornar inesquecível. A lágrima que segurava escapou-me e ele se aproximou e sussurrou: “... E o que é inesquecível jamais deixa o coração.” E se foi.